Hoje as ruínas de Betsaida saem à luz testemunhando a maravilhosa pregação de Nosso Senhor e alguns de seus mais portentosos milagresJunto ao Mar da Galileia, também conhecido como Lago Tiberíades ou Kinneret, as ruínas de Betsaida voltaram a ver a luz. A cidade é bem conhecida dos católicos, pois os Evangelhos nos falam muitas vezes dela.
Trata-se da cidade onde nasceram e moravam os apóstolos Pedro, André e Felipe, que eram pescadores, e na qual pregou Nosso Senhor. Ela foi destruída e sobre suas ruínas os romanos construíram outra, em estilo pagão, chamada Julias, também desaparecida.
A Sagrada Família se instalou em Nazaré, não distante do Mar da Galileia, e ali Jesus passou a maior parte de sua vida oculta, exceto o Nascimento em Belém e a fuga para o Egito.
Por isso, o povo se referia a Ele dizendo: “É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia” (São Mateus 21, 11)
Após a pregação inicial na Judeia e em Jerusalém, Nosso Senhor abandonou a capital de seu antepassado, o rei Davi, pois corria risco de morrer, devido ao ódio dos fariseus e do Sinédrio.
Limitou então sua divina ação ao norte do atual Israel – então parte do antigo reino de Israel – onde o ódio assassino do Sinédrio teria mais dificuldade de atentar contra Ele.
Jesus pregou demoradamente na região e lá operou alguns de seus maiores e mais conhecidos milagres, como na Boda de Canaã, a pesca milagrosa, a multiplicação dos pães e peixes.
Ele curou, exorcizou, andou sobre as águas, ensinou o Padre-Nosso e pregou numerosas parábolas, além de pronunciar o “Sermão da Montanha”.
Tendo sabido Jesus que o rei Herodes Antipas mandara degolar São João Batista, seu primo e precursor, afastou-se para repousar na solidão, não longe do Mar da Galileia. Ali fez o milagre da multiplicação dos cinco pães e dos dois peixes:
“13. A essa notícia, Jesus partiu dali numa barca para se retirar a um lugar deserto, mas o povo soube e a multidão das cidades o seguiu a pé.
“14. Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes.
O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.
Jacopo Tintoretto (1518/19–1594), Metropolitan Museum of Art, New York
“15. Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia.
“16. Jesus, porém, respondeu: Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer.
“17. Mas, disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes.
“18. Trazei-mos, disse-lhes ele.
“19. Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo.
“20. Todos comeram e ficaram fartos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios.
“21. Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças.” (São Mateus 14, 13-21)
Jesus continuou pregando na região até que, sentindo que os tempos tinham chegado, voltou para Jerusalém.
Ele sabia que ia cumprir o supremo holocausto para a Redenção dos homens:
“17. Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes:
“18. Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte.
“19. E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará.” (São Mateus, 20, 17-19)
Fez uma entrada triunfal na capital de Davi e Salomão, que é comemorada no Domingo de Ramos. Mas tudo correu muito rapidamente. Na sexta-feira da mesma semana, o Sinédrio já tinha conseguido completar a conspiração e Lhe havia dado Morte no alto do Calvário.
Tão logo ressuscitou, encaminhou-se para a única região que O tolerava: a Galileia. Ali apareceu a Maria Madalena “e à outra Maria” junto ao Santo Sepulcro: “Disse-lhes Jesus: ‘Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galileia, pois é lá que eles me verão’” (São Mateus 28, 10)
Betsaida: casa dos três Apóstolos na praia de Kinneret. Crédito: Zachary Wong. |
Betsaida teve um fim tremendo. Pois, juntamente com Cafarnaum e Corazim, foi amaldiçoada por Jesus, que predisse a completa destruição das três durante seu ministério na Galileia.
No Evangelho de Mateus, Jesus lança três “ais” contra três cidades (Corazim, Betsaida e Cafarnaum), por não terem feito penitência nem mesmo após os grandes milagres que Ele realizou nelas.
E até as increpou, dizendo que no Dia do Juízo haverá menos rigor para os de Tiro, Sidônia e Sodoma que para os habitantes dessas três cidades judaicas.
21. Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e a cinza.
22. Por isso vos digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós!
23. E tu, Cafarnaum, serás elevada até o céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque, se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro dos teus muros, subsistiria até este dia.
24. Por isso te digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Sodoma do que para ti! (Mt 11:20-24)
Pelos anos 30/31 ela foi toda reformada como cidade greco-romana pelo rei judeu Filipe, o Tetrarca.
Esse rei de costumes paganizados lhe trocou o nome para Julias, em louvor da mulher do imperador Augusto, segundo registrou o historiador judeu Flavio Josefo, referido pelo jornal francês “Le Figaro”.
Restos da cidade romana de Julias construída sobre Betsaida amaldiçoada por Nosso Senhor |
A nova cidade acabou sendo arrasada na Grande Revolta Judaica contra Roma, iniciada no ano 67 e terminada desastrosamente em 70. O historiador Flavio Josefo (Vida 399-403) diz ter sido ferido em combate perto das muralhas de Julias, citado pelo jornal israelense “Haaretz”.
Hoje, os arqueólogos que foram à procura dos restos dessas cidades afirmam ter encontrado suas ruínas.
“Achamos o que parece ser a cidade dos três apóstolos, onde Jesus multiplicou os pães e os peixes”, declarou à Agência Efe o arqueólogo Mordejai Aviam, do israelense Kinneret College, que escava o local há três anos.
O lugar coincide com o Novo Testamento e hoje constitui a Reserva Natural do Vale de Betsaida.
Junto com sua equipe de mais de 25 arqueólogos e voluntários, Aviam tinha descoberto no local uma capa do período das Cruzadas, uma feitoria de açúcar do século XIII, um mosteiro e provavelmente uma igreja.
Escavando ainda mais, eles encontraram objetos da cidade greco-romana enterrados dois metros abaixo.
“Existem moedas, cerâmica, um mosaico, paredes e um banheiro de estilo romano, o que nos leva a crer que não se tratava simplesmente de um povoado, mas de uma grande cidade romana”, explicou Aviam.
O Dr. Mordejai Aviam que dirigiu os trabalhos. |
Aviam tem certeza de que os objetos descobertos provam ser esse o local do milagre da multiplicação, afastando outras teorias arqueológicas que imaginam o grande evento evangélico em outros pontos da Galileia.
Para Aviam, a identificação de um banho público, como era costume greco-romano, “atesta a existência de uma cultura urbana”, citou o “Haaretz”.
Uma grande igreja desaparecida teria sido também encontrada. É o que fazem pensar paredes com ricos vidros dourados formando um mosaico, sinal de uma igreja abastada e importante.
Willibald, bispo de Eichstätt, na Baviera, que visitou a Terra Santa em 725, descreve sua visita a uma igreja em Betsaida, construída sobre a casa de São Pedro e Santo André, acrescentou o “Haaretz”.
Hoje as ruínas de Betsaida saem à luz testemunhando a maravilhosa pregação de Nosso Senhor e alguns de seus mais portentosos milagres.
Mas, também, do tremendo abandono em que incorreu até desaparecer de todo por ter recusado os apelos divinos à penitência e à conversão.
(via Ciência confirma Igreja)